O MAL DA ALTITUDE
Dr. Eric A. Weiss
O jovem escalador, incapaz de caminhar e até mesmo de ficar em pé, está estendido em seu saco de dormir no ar rarefeito do Campo Base do Everest. Menos de 48 horas antes, Brad havia chegado aos 5.400 metros de altitude do acampamento ansioso para começar a escalada desafio de sua vida. Trabalhou duro montando acampamento e organizando cargas pesadas. Ao cair da noite sua cabeça latejava de dor e ele tinha pouco apetite. Durante a noite ele dormiu mal, acordando freqüentemente com períodos de perda de respiração e sensação de taquicardia. Quando a manhã chegou, sua cabeça ainda latejava e ele tinha enjôo. Não querendo ser um peso para os demais, Brad não disse a ninguém que estava com problemas. Bebeu pouco, devido à náusea, e medicou sua persistente dor de cabeça com Tylenol e codeína.
Somente quando ele não apareceu para jantar na segunda noite foi que seus companheiros suspeitaram de que algo estava errado. Eles encontraram Brad deitado em sua barraca, desorientado e incapaz de ficar em pé. As doze horas seguintes transformaram-se num esforço épico para salvar sua vida.
Felizmente os parceiros de Brad reconheceram os sinais de Edema Cerebral de Altitude (HACE - High Altitude Cerebral Edema) e imediatamente deram início à uma evacuação para altitude menor. Com o auxílio de lanternas e dos Sherpas da equipe, eles carregaram Brad por terreno traiçoeiro até a clinica da Associação de Resgate do Himalaia (Himalayan Rescue Association) situada a 4.200 metros. Estava quase amanhecendo quando eu o examinei, já parcialmente recuperado, graças aos 1.200 metros de descida. Brad foi medicado com Diamox e Decadron intravenoso e colocado numa bolsa de pressão Gamow por 4 horas. Sua melhora foi contínua; no terceiro dia ele já estava completamente recuperado. Nem todos que procuram a clinica tem a mesma sorte de Brad. Houve quatro fatalidades naquele ano provocadas por mal de altitude.
Boa forma física não ajuda em nada a proteger do mal de altitude - na verdade, o atleta bem condicionado pode ser mais suscetível ao AMS, pois está condicionado a não hiper-ventilar quando seu corpo está pobre de oxigênio. Uma taxa respiratória aumentada é um dos fatores de adaptação mais importantes durante a aclimatação.
Diamox (acetazolamida) é um remédio que ajuda a prevenir o mal de altitude quando utilizado em conjunto com a ascensão gradativa. Diamox provoca aumento na taxa respiratória e também é um diurético; pode predispor à desidratação, e deve-se ingerir líquidos em abundância ao tomar esta medicação (4 litros por dia, no mínimo). Fique preparado também para o inconveniente de urinar com freqüência, especialmente durante a noite. A dose recomendada para prevenção é de 125 miligramas na manhã que anteceder à ascensão, novamente à noite e depois duas vezes ao dia enquanto se estiver ascendendo. Continue tomando Diamox durante pelo menos 48 horas após atingir sua altitude máxima.
Tratamento
O mal de altitude moderado geralmente melhora após alguns dias de descanso, desde que você não suba para elevações maiores - a melhora será mais rápida se você descer algumas centenas de metros. Se os sintomas progredirem apesar do descanso à mesma altitude, ou se ocorrer perda de coordenação, a descida deve ser imediata. Muito freqüentemente as tragédias acontecem em grupos que esperam o amanhecer para começar a descida. Uma pessoa capaz de caminhar com uma lanterna por seus próprios meios, facilmente pode necessitar de uma maca 12 horas mais tarde.
Em Machu Picchu as farmácias vendem um medicamento chamado: Sarojchi Pills , e vc também pode tomar chá ou mascar folhas de coca.
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