












Embora a palavra deserto de certa forma reverta a um ambiente hostil, seco e de temperatura elevada esse ultimo adjetivo não corresponde a uma característica do deserto chileno no caso em questão a temperatura era amena entre 17ºC a 22ºc. Mas com certeza o que distingue dos demais é o vento e não estou falando desses “ventin vei pereba do interior não, tô falando é de um vento de holywood meu chapa” é isso mesmo aqueles com poderes e tudo. Brincadeira a parte ver a o vento chacoalhando a pobre “loba” (moto do Gil) para um lado e para o outro (em tempo de bater em qualquer carro que viesse em sentido oposto) não era uma das melhores visões e por conta da luta do Gil para manter a moto “nos trilhos” nos afastamos um do outro.
A visão de morros enormes cor de barro, estradas com penhascos gigantes(sem proteção e acostamento) e uma terra desprovida, pelo menos a olhos nus, de qualquer forma de vida é extremamente surreal parecendo o cenário ter saído de um filme de Western daqueles que quando você menos espera passa uma bolona de feno. Cheguei a aduana fiz todo o tramite e figuei esperando pelo parceiro, espera que diferente das outras não fiquei chateado(as outras foi por pura moleza) pois já vivi a mesma situação na região de entre rios na Argentina e sei que segurar a DL 1000 é no mínimo estressante. O vento desse lugar é doido começa soprando forte pela esquerda (a ponto de pilotar-se inclinado) e de uma hora para a outra sopra forte para a direita a ponto de vc olhar para cima (de capacete) levantar os braços e dizer: “Tá de putaria né” te decide! “.
“Senõr, queria que retirasse todas as malas da moto e colocasse naquela esteira” disse o chileno bigodudo (aduana mais burogrática até agora) ”É MERMO!!!” pensei, mas de pronto comecei a desmontar a Joaquina (minha moto) e fui colocando uma a uma minhas malas na esteira. “Senõr o senhor pode abrir essa aqui” disse a oficiala, abri e tive eu mesmo que retirar tudo de dentro......”Pare! O que pensas em fazer com essa arma!, e não deixou nem eu dizer que era para papocar no teu suvaco chileno pra tu morrer se abrindo(mulher “puliça é a encarnação do cão na terra) e foi logo emendando “ o senhor poderia nos acompanhar até aquela sala” Gelei, tô lascado disse a mim mesmo. Entramos na sala eu, a oficiala e o bigodudo que acho que só sabia falar “coloque suas malas na esteira” pois nada mais disse depois disso. A oficiala com a prova do “crime” nas mãos narrou todo o fato a quem deduzi que fora seu superior.....gente boa devia ter parentes no Ceará. Dirigindo-se a oficiala e olhando pra mim exclamou: “O rapaz viaja só e por estradas de terra vê-se pela sua vestimenta ( havia passado por um riacho em uma estrada de terra por conta de um desvio e realmente estava bastante sujo) tem a faca como ferramenta e proteção, pode devolve-la”......Tá confirmado ao invés de parentes distantes acho que o cabra era Cabeça Chata da gema...hehehe.
Gil chegou como se houvera tivesse carregado a moto nas costas por todo o deserto, só o bagaço. Que vento hein cara, não sentiu não? Senti claro, mas não tanto disse eu e acho que pelo jeito que ele me olhou acho não tinha muita fé no que eu dizia. Passado a aduana seguimos para Arica conversando muito ao inter-comunicador para espantar o sono mas sempre com muito vento, lembrei-me então do olhar incrédulo de meu companheiro e acelerei a uns 140km e em meio a um vento doido ultrapasso abro os braços e digo “olha ai como a moto é equilibrada” fantástico! Foi a palavra que ouvi em seguida pelo inter-comunicador. Pensei comigo “é amigo sei o que vc está sofrendo.......”
Em Arica tivemos o prazer e a sorte de conhecer duas pessoas muito legais o primeiro conhecemos no hotel. Dom German é engenheiro mecânico e mora no hotel a 3 meses por conta do trabalho, muito simpático não poupou esforços em nos agradar indicando as atrações do local bebendo e comento conosco e após nossa partida mandou vários e-mail informando as condições da estrada e qual o melhor caminho. Meu chara conhecemos na noite que antecedia nossa partida a Iquique, integrante do motoclube sentinelas del norte lamentou que o nosso encontro tenha ocorrido na véspera de nossa saída da cidade, mesmo assim na manhã seguinte foi ao hotel nos deixou brindes de seu Mc (demos a ele adesivos dos dragões). Saímos as 3 motos (ele pilota uma VTX) para um pequeno city tour findando nos deixando na saída da cidade(serviço completo com ele mesmo disse). Aos dois novos amigos nosso muito obrigado.
Segue o baile ( parafraseando Luizão) em direção a Iquique(zona franca) vegetação e paisagem iguais, mas quando tudo parecia tender para a mesmice vez que surge uma tempestade de areia em pleno deserto e de repente tudo ficou amarelado a sensação era de estar em um nevoeiro. A areia não era igual aquela “pisa” que se leva nas canelas quando se está na praia, e sim composta de um pó bem fino tipo um talco que entrava por todas as partes, a visão estava bem comprometida (liguei luz alta e pisca alerta) confesso que meu coração batia bem mais acelerado (se tivesse claustrofobia tava lascado, pois a sensação era de estar preso.
Essa “bicha” não vai acabar não, pensei. Como estará o Gil lutando contra o vento e agora sem enxergar nada parar não posso e preocupado diminuo meu ritmo o que me incomoda pois começa a entrar areia pelo capacete e começo a piscar meus olhos freneticamente tentando de livrar de um cisco e em meio a essas piscadelas tudo fica azul. Graças a Deus, logo em seguida vejo o Gil que bom! O cara tá ficando craque(ou já era e eu não sabia) até riacho já passou nessa viagem. Chegamos em São Pedro cada um em seu tempo. Como chegou mais cedo Gilberto tratou de arranjar a pousada que por sinal é boa e barata, Valeu Gil. Eu só chequei as 19:20 min depois de rodar 1200km (o detalhe é que ainda era dia, aqui anoitece mais tarde). Estava moído tirei só as botas e dormi por uma hora. Acho que consegui passar para o Gil um coisa que ele vai se lembrar por um bom tempo: Minha gripe inca.
Ps. Neste post não pude tirar fotos do Gil pois fizemos caminhos diferentes por conta da Mano do deserto.
Ps2. Para deixar a Claude mais calma a região dos ventos já era e agora é só alegria.
7 comentários:
É amigos... A nossa DL tem muita carenagem... por isso sofre mais! Já a "transformer" Joaquina...
Eu sei como esses ventos são fortes e que bom que você sentiu menos que na nossa experiência na Argentina. Mas ainda estou com falta de ar só de imaginar a tempestade.Pense num sufoco!
Despenquei de rir com a história do facão de Rambo com a oficiala e o chileno cearense! Hehehehehe. Eita Marcelão, acho que tu nunca mais vais dizer que a estrada entre Fortaleza e Natal é quase um deserto. O pessoal do M@D está acompanhando a viagem e a Fernanda queria te passar dicas sobre São Pedro, onde ela esteve há pouco tempo. Falei para ela que você leu os textos dela. Belas fotos camarada! Segue o Baile!
Por falar em surra de areia, lembrei-me que a maior que eu já levei foi em Bitupitá, na Praia das Almas. Nem a imensa lua cheia, presente na noite daquele 7 de setembro, fez-me gostar do lugar. Mas, Marcelão me prometeu (já a algum tempo! kkkk) tirar essa má impressão que me causou a terra natal dos Teles.
Martinha devo não nego...
Luiz que bom que o M@D está acompanhando respeito muito a opinião desta lista. Quanto a Fernanda diga a ela que seus textos foram pura inspiração para essa viagem e que toda dica é muito bem vinda.
Pablito estou torcendo de verdade para tudo dar certo para vc e Moacir. Em relação ao vento vc sofre como disse a Kat mas aposto que tira de letra. Essa dica serve para vc e Augusto: Faça cambio em inapari(aduana do Acre) lá foi a melhor cotação de soles q encontramos - 1.45. Vcs vão precisar de moeda local(para gasolina e comisa) pois o real não é aceito ( o dolar é em cidade grande)Leve um pouco de gasolina uns 5L, tem postos mais muitos estavão sem.
Martinha devo não nego...
Luiz que bom que o M@D está acompanhando respeito muito a opinião desta lista. Quanto a Fernanda diga a ela que seus textos foram pura inspiração para essa viagem e que toda dica é muito bem vinda.
Pablito estou torcendo de verdade para tudo dar certo para vc e Moacir. Em relação ao vento vc sofre como disse a Kat mas aposto que tira de letra. Essa dica serve para vc e Augusto: Faça cambio em inapari(aduana do Acre) lá foi a melhor cotação de soles q encontramos - 1.45. Vcs vão precisar de moeda local(para gasolina e comisa) pois o real não é aceito ( o dolar é em cidade grande)Leve um pouco de gasolina uns 5L, tem postos mais muitos estavão sem.
è realmente uma aventura. e parabéns Marcelão, por ter ido até La Mano del desierto.
e que foto aquela da mão com a Joaquina entre os dedos, eu não faria melhor! parabéns mesmo.
PW
Postar um comentário