














Saímos de Ollaytambo quase que às 16hs rumo a Puno (lado peruano do Titicaca) com o objetivo único de conhecer o povo de Uros uma comunidade indígena que vive sob o lago em ilhas flutuantes feitas de totora uma espécie de raiz com a qual eles amarram umas as outras criando assim o estrato de suas casas. Fazem também das palhas desse vegetal suas casas, barcos e tudo mais que precisam. Realmente muito legal conhecer um povo que vive a anos de forma quase que isolada e com sistema hierárquico completo assim como uma cidade contemporânea.
Sabíamos que seria impossível chegar a puno dado à hora de nossa saída, portanto decidimos dormir em Sycuani que fica às 3hs de Puno (no Peru ninguém sabe a distância em km) chegamos perto das 18hs, nos informamos em um posto de gasolina sobre um hotel com cochera (estacionamento). Paramos em frente buzinamos e nada, podíamos ver da fachada apenas o muro e um portão de alumínio, mais uma buzinada e o portão se abre. _ ai habitacion? Pergunto e com a cabeça em balançar de calango o homem nos deixa entrar.
Surpresa total...jardim bem cuidado, vários chalés, decoração bem pensada e pra completar o dono da pousada era uma simpatia, só para entenderem, queríamos comer mas eu não estava a fim de sair de moto (não existia taxi na cidade) achei a cidade meio sinistra com uns caras estranhos daqueles que quando vc passa lhe acompanha apenas com os olhos não mexendo a cabeça. Falei para o Gil: Vamos de moto taxi (não é igual os daqui é tipo um riquixá a motor) .......Vô nada! Quando estava quase o convencendo o dono do hotel disse: Deixa que eu vou de bicicleta comprar algo prá vcs. Fantástico! E o preço tão bom, que pedimos dessa vez dois quartos. (unanimidade entre os integrantes: Como é bom dormir sozinho)
Comi um baita sanduba olhei para os bauleiros e disse baixinho(com medo q eles ficassem com raiva) “ vão se fuder não vou arrumar vcs porra nenhuma, vô é dormir”; coloquei o relógio para as 6hs para dar tempo de arrumar e não atrasar a saída marcada para as 9hs. Toc,toc,toc,toc.......Marcelo acorda! Dizia a voz, e ainda meio acordando coloco os pés no chão e penso “ vixe num arrumei nada e já está na hora de sair” Digo então alto _ Vou atrasar!!!!! Foi mal cara!!!!!.......Abre aqui retruca a voz, quando abro a porta tava um breu “diabo é isso cabra tá doido” pergunto eu ao Gil e ele “ rapaz não consigo dormir estou com muita falta de ar, tem fácil o diamox? Claro tá na mão, dei o remédio para ele complementando que se quisesse ir a um hospital ou de ajuda era só chamar. Que susto e que bom que o medicamento funcionou. Seguimos às 9 e meia para Puno conhecemos a bela comunidade já citada acima e rumamos para a fronteira da Bolívia para dormirmos em Copacabana já sabendo que iríamos pegar um pouco de escuro. Que droga quando chegamos a fronteira estava fechada e tivemos que dormir em um pulgueiro que comparado ao Canil do sítio do papai ganha apenas por ter recepcionista e esse apenas com um incisivo central que não parava de exibir.....bom pelo menos o cara era simpático(não vou falar mais dessa estadia). Entre muitos os botecos escolhemos um com “belos” encerados de cor verde sobre as mesas que servia PF(prato feito a 6 soles, algo em torno de R$ 2,5). Pedi um picadinho meio esquisito.....Cara tu vai comer isso? Nem precisei responder pois ele entendeu quando complementei meu pedido “ por favor com um huevo por cima”. Gil me falou que não queria mais viajar a noite...acho que levou algum susto ontem sugestão que pronto concordei e agora temos que acordar mais cedo pois temos ritmos de pilotagem bem diferentes até o momento.
A estrada até Copacabana simplesmente não existe e o que era para durar apenas 1hs durou 3hs e para completar quando chegamos a Aduana o “oficial” falou de uma multa por não ter um documento e coisa e tal (claro que percebemos do que se tratava) e poderia nos ajudar .......resultado cada um morreu com 40 soles depois de muito regatear. Se for conhecer o lago Titicaca a cidade é Copacabana. Logo que chegamos encontramos cinco motos paradas perto de uma oficina apeamos e terminado as apresentações perguntei qual era o problema e logo soube que era o termostato de uma gs 800 simples de resolver, mas a oficina não tinha chaves torx.......ora,ora,ora.....eu tenho......e uma salva de palmas hermanas ecoou na pequena Copacabana. Um dos novos amigos nos conduziu até o hotel onde estavam. Vale à pena conhecer Copacabana, não fosse à altitude (4000m) voltaria. Cabe aqui um comentário sobre a altitude: Não é invenção! Até 2000mt(+/- Cuzco) tudo está relativamente bem, passou de 3500m o bicho pega, pode ser atleta, triatleta e mesmo sendo herói de desenho animado o melhor que vai conseguir é ficar verde igual ao hulk. Qualquer esforço tipo amarrar os sapados te deixa ofegante, subir escada é um ato heróico, dor de cabeça é uma constante e a sensação de estar sem ar é terrível e mentalmente desgastante, mas aos poucos vai-se adaptando. Ia esquecendo de contar como derrubei a moto. Estava a noite e como estava bem a frente do Gil resolvi aproveitar e parar assim aproveitaria para dar tempo dele me alcançar(viajar a noite tem que ser junto) e trocar minhas luvas por um par mais quente. Paro, retiro as luvas velhas, abro a mala de tanque retiro as novas e começo a calçar as novas quando de repente uma lufada de vento vai levando uma das luvas, instintivamente faço um movimento brusco para a esquerda.....falta pé (era o lado mais baixo do asfalto) não havia colocado o descanso.....só deus sabe como fiz força para ela não cair feito um coco no chão. Nenhum arranhão.
4 comentários:
Bom texto. Viajei junto!
Que lindo! Estou me sentindo tão presente que fiquei com falta de ar. Dá pra mandar um remedinho pra mim? Beijos!
um diamox pra mim também !!! hehehehe esse marcelo escreve igualzim como ele fala, eu já imagino ele dizendo : "... um huevo por cima ... " kkkkk muito bom. abração. PW
chave torx - nada como andar equipado, até os hermanos aplaudiram ... hehehe
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